terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Os Melhores Livros de 2012


É verdade, Foster Wallace elegia o etéreo “The Big Ship” de Brian Eno (álbum: Another Green World, 1977) como a sua música preferida – the spinal nature of music, como ele, DFW, confessou ao seu amigo mais chegado e que incluiu na sua última e pálida gargalhada, aparentemente inacabada no ano do fim, 2008, perante o mundo do aborrecimento esmagador e da melancolia:
«Esta canção faz-me sentir tão quente como seguro, faz com que me sinta aconchegado, como uma criança a quem acabam de tirar da banheira e a embrulharam em toalhas que foram lavadas tantas vezes que se tornaram incrivelmente suaves, mas também faz com que me sinta triste; há uma sensação de vazio no centro desse calor que se assemelha à tristeza de uma igreja sem ninguém ou a uma sala de aulas com muitas janelas através das quais só se pode ver a chuva a cair lá fora, como se no mesmo centro dessa sensação de segurança e de amparo se encontrasse a semente do vazio.»
David Foster Wallace, The Pale King, pág. 185. [Tradução livre: AMC; edição – New York: Back Bay Books, 2012, 592 pp.]
Este ano que passou foi parco em leituras por estas bandas, não só por algum aborrecimento confuso, como devido à minha eleição de obras intermináveis para a secção de leituras escolhidas.
Em resumo, 31 obras editadas em Portugal em 2012 foram lidas, 29 das quais reveladas na habitual coluna do lado direito deste blogue, onde predominou a “ficção” sobre a “não-ficção”, e votei 2 obras como excepcionais ou obra-prima, 11 como muito boas, 9 como boas e 7 como razoáveis, de cuja leitura poderia ter prescindido.
Depois de muito reflectir sobre um possível “ex-aequo” para as duas primeiras obras da lista (como ocorreu na minha lista de 2007), o resultado final foi o seguinte:

Os Melhores Livro de Ficção de 2011
  1. David Foster Wallace, A Piada Infinita (ed. port. Quetzal; Infinite Jest, 1996);
  2. Thomas Pynchon, Arco-Íris da Gravidade (ed. port. Bertrand; Gravity’s Rainbow, 1973);
  3. Ian McEwan, Mel (ed. port. Gradiva; Sweet Tooth, 2012);
  4. Saul Bellow, O Legado de Humboldt (ed. port. Quetzal; Humboldt’s Gift, 1975);
  5. Philip Roth, Goodbye, Columbus e Cinco Contos (ed. port. Dom Quixote; Goodbye, Columbus, 1959);
  6. Ali Smith, Qualquer Coisa Como (ed. port. Quetzal; Like, 1997);
  7. Julio Ramón Ribeyro, A Palavra do Mudo (ed. port. Ahab; La palabra del mudo, 1973 e ss. – selecção da edição portuguesa);
  8. Carlos Fuentes, Contos Naturais (ed. port. Porto Editora; Cuentos naturales, 2007);
  9. Enrique Vila-Matas, Ar de Dylan (ed. port. Teodolito; Aire de Dylan, 2012);
  10. Don DeLillo, O anjo Esmeralda (ed. port. Sextante; The Angel Esmeralda: Nine Stories, 2011).

Os Melhores Livro de Não-Ficção de 2012
  1. Edmund De Waal, A lebre de olhos de âmbar (ed. port. Sextante; The Hare with Amber Eyes – A Hidden Inheritance, 2010);
  2. Jonathan Franzen, A Zona de Desconforto (ed. port. Dom Quixote; The Discomfort Zone: A Personal History, 2006);
  3. Paul Auster, Diário de Inverno (ed. port. Asa; Winter Journal, 2012).

E agora a Memória, os meus melhores livros de ficção desde 2005 – ano da fundação deste blogue:
  • 2005 – Kazuo Ishiguro, Nunca Me Deixeis (ed. port. Gradiva; Never Let Me Go, 2005)
  • 2006 – Vladimir Nabokov, Convite para uma decapitação (ed. port. Assírio & Alvim; Priglasheniye na kazn, 1936)
  • 2007 – (2 obras em igualdade) Colm Tóibín, O Mestre (ed. port. Dom Quixote; The Master, 2004) & Jonathan Littell, As Benevolentes (ed. port. Dom Quixote; Les Bienveillantes, 2006)
  • 2008 – Robert Musil, O homem sem qualidades, volumes I e II (ed. port. Dom Quixote; Der Mann ohne Eigenschaften, 1930-1942)
  • 2009 – John Updike, Coelho em Paz (ed. port. Civilização; Rabbit at Rest, 1990)
  • 2010 – Saul Bellow, As Aventuras de Augie March (ed. port. Quetzal; The Adventures of Augie March, 1953)
  • 2011 – Julian Barnes, O Sentido do Fim (ed. port. Quetzal; The Sense of an Ending, 2011).